Atarde
Pela
primeira vez, em outubro a taxa de juro média mensal do cartão de crédito
rotativo caiu para um dígito no Brasil. De acordo com pesquisa divulgada ontem
pela Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e
Contabilidade (Anefac), a taxa recuou de 10,41%, em setembro, para 9,37% ao
mês, a mais baixa da série histórica, iniciada em 1995. Mesmo assim, a taxa
média anual continua em três dígitos, e ainda entre as mais altas do mundo:
passou de 228,17% para 192,94%.
A
queda dos juros do cartão de crédito começou a aparecer em setembro, quando
houve a primeira alteração depois de 33 meses de estabilidade na taxa. O
movimento resultou da pressão do governo para fazer chegar aos usuários de
cartão o efeito do forte corte promovido na taxa Selic, usada como referência
para os empréstimos no País.
O
vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, atribui a queda na
taxa média em outubro ao Bradesco, que cortou pela metade os juros cobrados no
crédito rotativo dos seus cartões de crédito. No mês anterior, a pesquisa
refletira a redução dos juros nos cartões do Itaú Unibanco, Banco do Brasil e
Caixa Econômica Federal.
"A
tendência ainda é de queda para os próximos meses", afirma Ribeiro de
Oliveira. "Como os principais bancos reduziram suas taxas, inevitavelmente
os outros bancos vão ter de fazer o mesmo para não perder clientes."
Para
o economista Roberto Luís Troster, que durante anos dirigiu a área econômica da
Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), a tendência é de queda, mas numa velocidade
muito lenta. Troster argumenta que "a taxa continua um absurdo".
Segundo
ele, enquanto a taxa do cartão de países que cobram mais caro está na casa de
30% ao ano, na média, no Brasil ainda está em quase 200%. Na Argentina, por
exemplo, a taxa média está em torno de 50%, já nos Estados Unidos é de 11,95%
ao ano.
Pressão.
O economista diz que as taxas do cartão estão caindo num momento em que a
inadimplência está subindo. Normalmente, quando a inadimplência sobe, as taxas
sobem também. "É um indicador de que o movimento de queda é muito mais por
causa de uma pressão política do que pelo comportamento padrão do
mercado", afirma.
Os
bancos, em geral, reconhecem que as taxas de juros estão altas e atribuem isso
à inadimplência e a uma peculiaridade do mercado brasileiro: o financiamento
parcelado sem juros pelo cartão. Atualmente, discute-se o que fazer .
O
levantamento da Anefac mostrou que, em outubro, os juros caíram em todas as
linhas de crédito para consumidores pesquisadas. Foi o oitavo mês consecutivo
de queda na taxa média geral para pessoa física, que passou de 5,81% ao mês, em
setembro, para 5,50% (90,12% ao ano), também a menor da série histórica.
A
taxa média de juro mensal para empresas também caiu, de 3,31% para 3,17%, o que
representa 45,43% ao ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário