quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Juro do cartão cai abaixo de 10% ao mês pela 1ª vez


Atarde
Pela primeira vez, em outubro a taxa de juro média mensal do cartão de crédito rotativo caiu para um dígito no Brasil. De acordo com pesquisa divulgada ontem pela Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a taxa recuou de 10,41%, em setembro, para 9,37% ao mês, a mais baixa da série histórica, iniciada em 1995. Mesmo assim, a taxa média anual continua em três dígitos, e ainda entre as mais altas do mundo: passou de 228,17% para 192,94%.
A queda dos juros do cartão de crédito começou a aparecer em setembro, quando houve a primeira alteração depois de 33 meses de estabilidade na taxa. O movimento resultou da pressão do governo para fazer chegar aos usuários de cartão o efeito do forte corte promovido na taxa Selic, usada como referência para os empréstimos no País.
O vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, atribui a queda na taxa média em outubro ao Bradesco, que cortou pela metade os juros cobrados no crédito rotativo dos seus cartões de crédito. No mês anterior, a pesquisa refletira a redução dos juros nos cartões do Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
"A tendência ainda é de queda para os próximos meses", afirma Ribeiro de Oliveira. "Como os principais bancos reduziram suas taxas, inevitavelmente os outros bancos vão ter de fazer o mesmo para não perder clientes."
Para o economista Roberto Luís Troster, que durante anos dirigiu a área econômica da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), a tendência é de queda, mas numa velocidade muito lenta. Troster argumenta que "a taxa continua um absurdo".
Segundo ele, enquanto a taxa do cartão de países que cobram mais caro está na casa de 30% ao ano, na média, no Brasil ainda está em quase 200%. Na Argentina, por exemplo, a taxa média está em torno de 50%, já nos Estados Unidos é de 11,95% ao ano.
Pressão. O economista diz que as taxas do cartão estão caindo num momento em que a inadimplência está subindo. Normalmente, quando a inadimplência sobe, as taxas sobem também. "É um indicador de que o movimento de queda é muito mais por causa de uma pressão política do que pelo comportamento padrão do mercado", afirma.
Os bancos, em geral, reconhecem que as taxas de juros estão altas e atribuem isso à inadimplência e a uma peculiaridade do mercado brasileiro: o financiamento parcelado sem juros pelo cartão. Atualmente, discute-se o que fazer .
O levantamento da Anefac mostrou que, em outubro, os juros caíram em todas as linhas de crédito para consumidores pesquisadas. Foi o oitavo mês consecutivo de queda na taxa média geral para pessoa física, que passou de 5,81% ao mês, em setembro, para 5,50% (90,12% ao ano), também a menor da série histórica.
A taxa média de juro mensal para empresas também caiu, de 3,31% para 3,17%, o que representa 45,43% ao ano.

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